Fragmento do Artigo: A moderna agricultura da soja: a produção do espaço rural e suas consequências no espaço urbano no município de Balsas/MA
Autores: Cleanto Carlos Lima da Silva e Herisson de Oliveira Bezerra*
Data: dezembro de 2011
Desde a metade do século XX, a população urbana vem aumentando cada vez mais no Brasil e isso é reflexo, também, da migração campo-cidade. A população do campo tem buscado a cidade como refúgio para conseguir empregos e renda melhor para a família. Isso ocorreu com a “ajuda” da modernização gradativa da agricultura e da apropriação dos espaços rurais feito pelas grandes empresas de produção, entre outras razões. Apesar da grande migração urbano-rural, a população do campo mantém certo equilíbrio, diminuindo mais a partir de 1970. Entre 1950 e 2010, a população urbana deu um salto de 18 para 160 milhões, enquanto isso, a população rural foi de 33 para 29 milhões de pessoas.

A modernização da agricultura ocorrida após 1970 é um ponto chave para se entender a dinâmica deste meio. Cada vez mais o campo necessita de artigos que antes eram apenas da cidade. Nos tempos atuais, as residências rurais, por exemplo, apresentam uma estrutura praticamente igual às da zona urbana. Com os programas de beneficiamento dessas comunidades, como a implantação da energia elétrica, a população que trabalha e mora no campo tem em suas casas aparelhos eletrônicos e itens de consumo bastante diversificados. “Ao lado do consumo consuntivo, que se esgota em si mesmo, criam-se no mundo agrícola formas novas de consumo produtivo, através da incorporação de ciência e informação ao território rural” (SANTOS, 2009, p. 54).
Com a agricultura não é diferente. “O território brasileiro não escapa à referida lógica, ou seja, à racionalidade capitalista financeira contemporânea. Ele procura responder às demandas modernizadoras impostas pelo capital especulativo internacional.” (MOTA & PÊSSOA, 2009). A produção do espaço agrícola é um fator presente nos interiores brasileiros, com destaque para algumas cidades como Balsas, no estado do Maranhão. Nessas cidades, as grandes empresas produtoras de itens agrícolas, de monoculturas, implantam gigantescas fazendas que sobrepõem os modestos minifúndios e até mesmo os pequenos latifúndios. O capital procura novas áreas para sua produção e a zona rural é também é o local de produção e reprodução desse capital. “Ao instalar-se no Maranhão, a soja produz uma dinâmica horizontal que se dá a nível local e vertical, e se materializa no comércio internacional, através das redes” (SANTOS, 1994, p. 16).
O Maranhão é um estado brasileiro com cerca de 6.574.789 habitantes (CENSO 2010) e uma área de 331.935,507 km². Possui uma economia diversificada com destaque para a produção de grãos como a soja. O município de Balsas conta com 83.528 habitantes e está localizado na parte sul do estado. Possui em sua economia, a forte influência da produção de grãos, com destaque para a soja, sendo um dos maiores produtores do Nordeste.
A produção de soja surge no Maranhão no final da década de 1970 na microrregião dos Gerais de Balsas, com o desenvolvimento do agronegócio, devido à expansão da fronteira agrícola e através de um conjunto articulado de políticas públicas de financiamento, fundiária, de incentivos fiscais e infra-estrutura responsáveis por incorporar a soja à
economia maranhense. (BOTELHO & SILVA).
Por conta de políticas públicas, o setor foi implantado e as áreas de produção foram estruturadas. Enquanto isso, as áreas de produção familiar foram desestruturadas através da
modernização da agricultura com substituição de mão-de-obra, expropriação das propriedades dos camponeses, entre outros fatores. Entre os diversos módulos, estão os de incentivo à pesquisa através de financiamentos e parcerias com EMBRAPA e UFAL, por exemplo.
A agricultura é parte importantíssima na produção da riqueza nacional. Grande parte
do PIB vem do setor agropecuário. “À agricultura foram dadas algumas funções, com o
principal escopo de produzir para aumentar as divisas nacionais necessárias para patrocinar o crescimento industrial pretendido para o Brasil” (GRAZIANO DA SILVA, 2003).
*Herisson de Oliveira Bezerra é professor titular da Sociedade Educadora São Francisco
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